Tendências Pessoais

O nível de agressividade resulta da combinação de diferentes tendências pessoais: níveis altos de ritmo de vida rápido, proatividade e dominância. A agressividade bem orientada é um fator útil e traduz-se em combatividade natural, importante para enfrentar as dificuldades da vida e superar obstáculos na conquista de um objetivo saudável. A competitividade saudável que se manifesta como sentido de superação, procura de melhores horizontes pessoais, desportivos ou profissionais é uma ramificação da agressividade. A capacidade de superar fracassos temporários e assumir as próprias fragilidades sem ser vítima delas é outra forma de manifestação da agressividade.

Na infância e adolescência, são fundamentadas as estruturas sociais que condicionarão as relações futuras, tanto pessoais como profissionais. Por esta razão, é muito importante detetar as raízes de tais tendências, com o objetivo de fomentar laços saudáveis, um dos objetivos centrais da educação.

Neste grupo de tendências pessoais, é analisado o nível de submissão face a pessoas ou situações; também é identificada a posição emocional perante figuras de autoridade ou pessoas intensas, impetuosas ou dominantes. As reações frequentes são: timidez, silêncio, absorção da situação, medo ou confusão mental em encontrar respostas eficazes.

A liderança é um perfil muito valorizado na vida profissional e social. É possível detetar desde tenra idade esta tendência, que resulta de uma conjunção de fatores que requerem orientação e atenção, para que não se transformem em manipulação inadequada. Este perfil resulta de ritmo de vida rápido, tendência coletiva, autossuficiência, extroversão, proatividade, visão sintética e dominância. Estas forças sintonizadas fazem com que as ações do indivíduo tenham uma ressonância no grupo e provoquem um efeito de contágio, de estímulo e amplificação de emoções. Se o conteúdo desta força for positivo, deparamo-nos com um líder a quem os outros recorrem em busca da convicção e clareza necessárias para enfrentar uma ameaça, superar um desafio ou alcançar um objetivo.

O ritmo de vida refere-se ao tempo investido entre a perceção de um estímulo e a resposta que damos. Na cultura atual, a rapidez é exageradamente valorizada e equiparada a eficácia, no entanto, a lentidão em dar resposta está intimamente relacionada com a reflexão e a contenção, no sentido de reunir a informação necessária e processá-la com uma maior consciência das causas e efeitos. O ritmo de vida normalmente é condicionado pela genética (nascemos rápidos ou lentos no que toca às nossas reações), embora seja possível modificar o ritmo, recorrendo a trabalho sistemático..

Este fator refere-se à resposta emocional interna face a um estímulo externo; possui componentes genéticos (intensidade pessoal, temperamento, características neurológicas) que formam o ponto de partida para a educação do caráter.

Muitos problemas sociais têm origem numa emotividade descontrolada e caótica. No outro extremo, uma emotividade frágil ou diminuída gera apatia, falta de motivação e afastamento social.

A personalidade possui na abordagem intelectual outro fator predominante. O que um ser humano pensa traduz-se subsequentemente numa emoção, que resulta num comportamento consciente ou inconsciente. A origem da abordagem intelectual é genética e estabelece-se posteriormente pela estimulação académica, tanto familiar como escolar. Este fator funciona como um filtro para perceber a realidade; o leque de apreensão vai desde uma apreciação realista, concreta, em que os dados tangíveis adquirem maior peso e contundência na tomada de decisões, até à abordagem idealista, abstrata, que valoriza mais a reflexão e o mundo das ideias.

Como nos outros fatores das tendências pessoais, não existe um juízo de valor sobre os polos da tendência social, mas sim uma preferência, uma inclinação, que requer sempre educação e equilíbrio para obtenção dos melhores resultados na vida. Os polos da tendência social são: individualista e coletivo. Este fator influencia de forma determinante a eficácia da aprendizagem. Há alunos que aprendem melhor sozinhos do que em grupo; pelo contrário, outros adquirem mais habilidades ao interagirem com colegas. A priori, não há qualquer vantagem competitiva em nenhum destes polos de preferência social.

A característica da autonomia refere-se à capacidade de aprender ou trabalhar com base em critérios próprios e individuais, ou melhor, a tendência para seguir normas e convenções sociais, sobretudo com base num princípio de autoridade. Num dos polos localiza-se a autossuficiência, a tendência natural para agir por iniciativa própria, com tempos e ritmos pessoais, sobre as condições propostas por outros. É possível observar desde a infância a independência na ação e decisão, ignorando-se muitas vezes ordens ou procedimentos estabelecidos. Esta característica gera problemas de obediência e, quanto mais se persegue a submissão, maior é a revolta.

A personalidade humana integra impulsos reveladores da sua riqueza, bem como uma orientação da sua energia psíquica, sob a apresentação de ideias, emoções ou comportamentos. A esta orientação dá-se o nome de versão.

Tal como nos fatores anteriores, a versão oscila entre dois polos opostos que geram o dinamismo pessoal, que se manifesta na sua esfera interna ou no exterior. Assim sendo, utilizaremos os conceitos de introversão e extroversão para explicar esta área das tendências pessoais.

O fator de responsividade marca a tendência da personalidade humana para enfrentar situações desconhecidas ou difíceis. As condições ou os estímulos que enfrentamos ativam automaticamente um ambiente emocional interno de segurança ou insegurança; esta resposta, por sua vez, ativa pensamentos, sentimentos e comportamentos coerentes com

o nível de confiança vivenciado.

Ao contrário de outros fatores das tendências pessoais que têm uma conotação neutra, este é um ingrediente necessário na educação do indivíduo. O êxito na vida é, em grande parte, determinado pelo coeficiente de adversidade, nomeadamente como são enfrentados os problemas e superadas as adversidades e é prevista a eficácia: motivação, criatividade, produtividade, aprendizagem, energia, esperança, vitalidade, persistência, reação à mudança.

A forma preferida de apreender a informação exerce uma influência determinante sobre as tendências pessoais, porque funciona como um filtro que enfatiza ou descarta dados; a análise de problemas e a tomada de decisões é o campo em que este fator manifesta a maior repercussão; afeta também a utilização do tempo e a consideração de características pessoais. Os polos da visão informativa são o analítico e o sintético, cada um com características diferentes e, por vezes, opostas.

A assertividade consiste na quantidade de energia psíquica que aplicamos no controlo de situações ou pessoas. Esta característica é fundamental para marcar a diferença entre a hostilidade e a submissão, o que afeta sobretudo as relações sociais, a integração nos grupos e a intensidade com que se enfrentam os conflitos. Uma vez que as diferenças pessoais entram em jogo constantemente, é necessário conhecer os estímulos comportamentais que condicionam a possibilidade de assumir o controlo da própria vida, sem se ser manipulado e sem manipular os outros. Esta característica também afeta a forma como o indivíduo se relaciona com o meio ambiente: influências dos grupos de colegas, meios de comunicação social, tendências sociais, reações face à liderança.

Um dos fatores que afeta significativamente os comportamentos e a aprendizagem é o ambiente interno: o nível de relaxamento ou tensão com que se vive influencia a abordagem dos problemas ou o trato com os outros; o nível de atenção e aprendizagem é modificado de acordo com o ambiente interno; a própria saúde física resulta deste fator pessoal, que integra elementos genéticos, familiares, culturais e ambientais.

Certamente, a calibragem do ambiente interno é uma aprendizagem fundamental que incide no investimento adequado de tempo e energia para resolver problemas ou dificuldades.